Sindicato dos Empregados no Comércio de Jaraguá do Sul e Região

Novembro Negro: Memória e Compromisso

 

 

🟨 Novembro Negro: Memória e Compromisso

O Novembro Negro de 2025 carrega um duplo significado: são 330 anos da resistência de Zumbi e Dandara dos Palmares, símbolos eternos da luta contra a escravidão, e 30 anos da Marcha a Brasília contra o Racismo, um marco fundamental na consolidação de um projeto político unificado do povo negro no Brasil.

A Marcha de 1995 representou um divisor de águas. A partir dela surgiram bases importantes para a inclusão, nos orçamentos públicos, de políticas voltadas à promoção da igualdade racial — uma luta que percorreu toda a década de 1990 e que permanece urgente até hoje.
Sem o povo negro, não há revolução nem democracia.

Durante o processo revolucionário em Cuba, Che Guevara afirmou: “Se aquela revolução não se pintasse de mulata e não se interpretasse como negra, não seria uma revolução.” Sua frase ecoa de forma poderosa no Brasil contemporâneo.

Da mesma forma, podemos afirmar: sem políticas de ação afirmativa e sem a inclusão da população negra no orçamento público, o Brasil jamais alcançará uma democracia plena. A inclusão racial não é concessão; é condição essencial para a transformação social.


🖤 Resistir é existir

Celebrar os 45 anos do Movimento Negro Catarinense é renovar a urgência da luta por justiça, reparação e igualdade. É lembrar que a liberdade não se ganha: se conquista, se defende e se reafirma nas ruas.

Que este Novembro Negro nos inspire a seguir os exemplos de Zumbi, Dandara e de todas as pessoas que, desde 1980, ergueram suas vozes em Florianópolis para afirmar:
sem o povo negro, não há futuro possível.


🟩 Movimento Negro Catarinense: 45 Anos de Luta e Resistência

Em 20 de novembro de 1980, o Movimento Negro de Santa Catarina ocupou as ruas do centro de Florianópolis para denunciar o racismo estrutural e as péssimas condições de vida da população negra no estado. No calçadão da Felipe Schmidt, em frente ao antigo Centro Comercial ARS, foi lida a Carta-Denúncia, documento histórico que marcou o início de uma caminhada coletiva por igualdade racial no estado.

Aquele ato, realizado há 45 anos, foi mais que um protesto: foi a semente de um movimento que inspirou, em nível nacional, a criação de políticas públicas afirmativas que seriam consolidadas nas décadas seguintes, especialmente com a Constituição Federal de 1988, que reconheceu a igualdade racial como princípio fundamental da República.


🔻 Entre avanços e retrocessos

Mesmo após mais de quatro décadas, negros, negras, quilombolas, indígenas, ciganos e demais grupos étnicos seguem lutando para que seus direitos sejam plenamente garantidos.

A realidade ainda é marcada por ataques às conquistas obtidas com tanta dificuldade. Em Santa Catarina, autoridades públicas, incluindo o governador, têm promovido discursos e ações que ameaçam políticas de cotas raciais — como ocorreu recentemente na UDESC, onde ações afirmativas foram injustamente questionadas e desrespeitadas.

Esses ataques não são episódios isolados: representam uma tentativa de apagar a memória e enfraquecer um projeto histórico de emancipação e justiça social.

Defender políticas afirmativas é defender a democracia e a própria dignidade humana.